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Ampliando as percepções do aluno por meio da Matemática

22 setembro de 2014

Por Aurélio Soares de Carvalho e Filipe Pinel Berbert Bermudes

Enquanto um educador planeja a sua aula, parece ouvir seus alunos perguntando: por que eu preciso aprender isso? As respostas, embasadas nos melhores argumentos dos maiores estudiosos, não se sustentam por mais de cinco minutos se esses argumentos não incluírem o aluno no presente.

Imagine, portanto, o que é tentar convencer o aluno para a importância da Matemática e a relevância de abstrair, fazer deduções, levantar hipóteses, utilizar a linguagem própria carregada de códigos e símbolos, enfim, de resolver problemas intermináveis criados pelos próprios professores.

Isso talvez seja como tentar convencê-los a terem uma alimentação saudável, repleta de legumes, verduras, cereais e vitaminas, em meio a uma oferta cada vez maior de doces, salgadinhos e refrigerantes. Mas, assim como não se pode abrir mão da alimentação saudável, não se pode abrir mão da Matemática e de seus benefícios. A saída, então, dificilmente se dará por meio de argumentos, mas pela escolha de tornar tanto a boa alimentação quanto as aulas mais atraentes.

Diante desse cenário, os professores de Matemática do 9º ano do Ensino Fundamental do Centro Educacional Leonardo da Vinci, elaboraram outra abordagem o assunto “Semelhança de Polígonos”. No lugar de levar para a sala de aula conceitos pré-concebidos sobre o tema, optaram por uma linha de ação que incentivava os alunos para que eles chegassem às próprias conclusões. Para isso, foi utilizado um equipamento do Laboratório de Ensino da Matemática: o pantógrafo, uma ferramenta que permite reproduzir desenhos em escala. Ou seja, o aluno desenha livremente em uma folha e o instrumento reproduz a figura em tamanho maior ou menor.

Como o pantógrafo não se encontrava à venda no mercado de materiais didáticos (pelo menos nas características que desejávamos), os próprios professores o projetaram e construíram com acrílico transparente, parafusos, porcas, canetas e ventosas. A excelente receptividade manifestada pelos alunos por ocasião do primeiro contato com o instrumento certamente foi um facilitador na aprendizagem dos mesmos, o que se traduziu no interesse pela investigação das relações entre as figuras produzidas por eles e aquelas produzidas pelo instrumento. A curiosa engenharia de funcionamento do pantógrafo faz com que a cada deslocamento de uma caneta livre sobre o papel, uma caneta “escrava” reproduzia o mesmo movimento em proporção menor ou maior ao lado do desenho original.

Com isso os alunos chegaram às conclusões que antes eram apenas transmitidas pelo livro ou pelo professor, o que pode ser observado ao lermos as conclusões tiradas pela aluna Stella Neves do 9º A ao finalizar sua atividade: “Minha conclusão sobre a relação entre os ângulos das duas figuras desenhadas é que os ângulos correspondentes são sempre congruentes, ou seja, têm a mesma medida. Além disso, concluí que os lados das figuras são sempre proporcionais”. A mesma coisa ocorre com o perímetro e com a altura das figuras formadas. Por outro lado as áreas das duas figuras não obedecem à mesma relação que os lados.

Muito mais do que apresentar uma experiência isolada de uma prática pedagógica, o momento serviu como demonstração de como é possível “arejar” a sala de aula sem que haja prejuízo da essência do ensino da Matemática.

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