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Reencontro com Bigode: espaço para reflexões e ampliações

21 agosto de 2014

Por Paulo de Tarso Rezende Ayub

O contato dos profissionais Da Vinci com Antonio José Lopes Bigode, nosso consultor em Educação Matemática há dois anos e autor da coleção didática adotada para as primeiras séries do Fundamental (1º ao 5º ano), é providencial porque nos inspira ao olhar/diálogo reflexivo, à seleção de focos para investigação e à correção de rumos, visando a uma concepção da Matemática como disciplina de vida, longe do artificialismo de algumas abordagens escolares.

Previamente ao encontro conosco, o consultor recebeu uma síntese quanto aos avanços e dificuldades experimentados pela equipe na transição de um modelo baseado nos Parâmetros Curriculares Nacionais e em sequências de conteúdos considerados como requisitos à absorção de outros para uma concepção de Matemática em que a aprendizagem em espiral toma lugar do esgotamento de conteúdos em blocos estanques e há clareza quanto aos direitos de aprendizagem por faixas etárias, à luz da plasticidade neural.

No último dia 16/08/2014, conduzindo uma espécie de plenária para professoras que lidam com o livro em seu cotidiano e outros profissionais de nossos quadros (professores de Matemática que atuam no Ensino Fundamental II e Médio), Bigode reafirmou ser contrário a rupturas drásticas, mas favorável a mudanças conscientes, pautadas na construção de sentido numérico para os discentes e na disseminação das várias modalidades de cálculo, com destaque para o mental/estimado e a aplicação de propriedades distributivas.

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Na condução das discussões, questionou o monopólio do cálculo escrito e da conta armada e propôs o enxugamento do currículo, para atribuir maior significação aos focos de trabalho. Sobre a avaliação, reafirmou sua crença na avaliação contínua, baseada nas produções dos alunos em processo, por considerá-la mais reveladora que atividades estanques ou provas de múltipla escolha.

Bigode ilustrou sua explanação com sequências didáticas para potencialização do cálculo mental, além de ter apresentado cadeias de tarefas que possibilitam conexões entre diferentes conteúdos da Matemática, com a substituição do fazer mecânico pelo reflexivo. Apresentou ainda atividades digitais que estimulam os alunos a utilizar o ábaco e a barra de progresso (presente no youtube) como favorecedores da lógica matemática. E, numa espécie de oficina, trouxe a demonstração de como um tema complexo como a porcentagem deve ser desdobrado em diferentes níveis, de acordo com as potencialidades de cada faixa etária e suas possibilidades de absorção das tantas matizes desse componente do currículo.

E necessário diferenciar a sistematização da formalização em Matemática, a primeira constituindo um direito fundamental de cada aluno (inclusive para fins de exposição aos colegas e contribuição na construção de conceitos provisórios, tendo o professor como mediador) e a segunda de interesse de especialistas ou estudantes com potencial para participação em olimpíadas, que o consultor define como “rede para pescar futuros matemáticos”.  Para ele, o professor de Matemática, mais do que um transmissor/repetidor de saberes, deve ser um analista de processos mentais de aprendizagem.

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Instigando nossos profissionais a atuarem como professores reflexivos e a se desvincularem de ideias arraigadas que não trazem resultados significativos, Bigode fechou sua explanação com uma máxima que constitui o cerne de Sua atuação como formador e autor de livros didáticos e que, embora nos retire da zona de conforto, deixa-nos confortáveis por relacionar a educação matemática com os focos da cidadania, ética e transposição para a vida: “Trazer a realidade para dentro de sala de aula, a fim de pensar matematicamente fora da escola”.  É nessa perspectiva que vimos investindo.

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