Novo ano letivo: adaptações e acomodações
20 fevereiro de 2015Por Paulo de Tarso Rezende Ayub
Em sua explanação para professores na abertura do planejamento, a Diretora Pedagógica do Da Vinci, Maria Helena, enfatizou a importância de todos que compomos nossa comunidade educativa estarmos atentos para usufruirmos as belezas e os desafios das adaptações e acomodações que vêm na esteira de um novo ano letivo.
Um olhar panorâmico, neste início de ano letivo, para a escola viva – aquela impregnada das manifestações físicas e afetivas de alunos e educadores, dos movimentos culturais e das questões do espírito que impactam indivíduos e coletividade – desvela as seguranças e imprevisibilidades da rotina escolar. E é uma questão transversal, que percorre os corredores da escola, as salas de aula, os espaços de convivência.
No Infantil, a consciência dos diferentes papéis que as instituições sociais (Escola e Famílias) exercem na formação do indivíduo tira os alunos das zonas de conforto e levam-nos a assimilar que a individualidade que predomina na família não pode se sobrepor à coletividade que domina a cena na Escola. Algumas iniciativas que acontecem no cotidiano do Infantil são representativas da ênfase dada à psicomotricidade, desenvolvimento das linguagens, senso de curiosidade e descoberta. A equipe de profissionais do Da Vinci cuida para que os alunos vivenciem a adaptação própria de cada série sentindo-se amparados e confortáveis, mas também instigados e despertos para os sabores dos saberes.
O ingresso na Educação Infantil é tratado com um olhar especial e, para favorecer a adaptação à realidade escolar, os alunos (afetivamente tratados de “fraldinhas”) eventualmente contam com a presença de seus pais (sua referência mais forte nesta etapa da vida) em momentos educacionais, a exemplo da degustação de frutas e iogurtes nos horários de lanche, com ganhos para a incorporação de hábitos sociabilizadores e de boas posturas à mesa (como convivas).
No contexto das salas de aula de diferentes séries do Infantil, as configurações do currículo e da ampliação cultural exigem motivação e integração de todos os envolvidos. Já em relação ao entorno, a praça da convivência e seu espaço aberto, bem como o aquário e o aviário (cuja manutenção é um exercício diário de cientificidade e logística por parte da Escola), são de longe os pontos preferidos dos alunos do Infantil, que começam a lidar com os animais sob a perspectiva do afeto e da contemplação, mas também como objeto de estudo.
O ingresso no Fundamental (para os alunos do 2º ano) é caracterizado por uma mudança de postura dos alunos, que passam da agitação (e eventual dispersão) de algumas séries do Infantil para uma maior concentração nas atividades pedagógicas e um senso de autonomia mais preciso. A forma como passam a lidar com a agenda como um instrumento de organização do cotidiano e com os murais como espaço de partilha de conhecimentos e aprendizagens são vivências que os fazem sentir mais maduros e preparados para uma rotina de planejamentos e operacionalizações pautada em habilidades e competências.
Nas séries mais avançadas do Fundamental I, os alunos já se mostram antenados no tocante aos desdobramentos da vida escolar. A seleção de focos mais amplos de estudo (com temas transversais estipulados por série) e as contextualizações para as viagens acadêmicas os aproximam da vida real, da consciência para a cidadania e a ética.
É interessante como cada etapa de um segmento apresenta seus particulares. A emoção da escolaridade mais formal nos segundos anos e a finalização de um ciclo, como é inerente aos quintos anos, exige que repensemos os tempos pedagógicos e as dinâmicas escolares, para otimizar processos e aprimorar produtos.
No Ensino Fundamental II, a entrega das agendas e a consciência de seu valor agregado (sob as dimensões cultural e didática) tem demonstrado a necessidade de as famílias auxiliarem a Escola na construção de conhecimento social, para valorização das potencialidades culturais do entorno e o desenvolvimento dos sensos de investigação/observação nos filhos/alunos. O ânimo para a trajetória escolar, apesar de suas compartimentações; a curiosidade em relação aos projetos culturais;terceiras notas/viagens acadêmicas; o contato com as regras como mantenedoras de valores; a boa lida com os movimentos de organização e condução de diferentes facetas do trabalho pedagógico-educacional transformam os alunos em copartícipes do nosso projeto educativo, com os ônus e bônus que o configuram.
A transição para o Ensino Médio traz para os estudantes o choque da troca de mundos: da proteção/acobertação à autonomia/responsabilização, na travessia rumo ao mundo adulto. Os alunos que ingressam no segmento, os já componentes de nossa comunidade ou os oriundos de outras escolas, costumam chegar inspirados e mais amadurecidos, mas também preocupados, conscientes de que a busca de protagonismo deve ser uma marca pessoal, não uma imposição do adulto.
As adaptações e acomodações de um novo ano letivo são uma rede de complexidades para Escola e Famílias, setores e colaboradores externos, alunos e professores. E como tal devem ser investigadas, compreendidas e compartilhadas.