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Da Vinci na mídia: O papel da escola diante da relevância crescente da tecnologia

17 junho de 2021

Artigo: O papel da escola diante da relevância crescente da tecnologia
João Duarte, professor e coordenador do Ensino Médio do Centro Educacional Leonardo da Vinci

Publicado no Jornal A Tribuna, 17 de junho de 2021

Tecnologia é o conjunto de técnicas, habilidades e processos para produzir bens e serviços. Ao longo da história, descobertas como controle do fogo e revolução neolítica contribuíram para a disponibilidade de alimentos e a invenção da roda, o que fez com que o ser humano se locomovesse mais e transportasse cargas. Após as guerras, muitos avanços tecnológicos também foram registrados. Outras ideias, como o telefone e a internet, permitiram conexões globais.

Atualmente, a Covid-19 também promoveu uma transformação que digitalizou até os relacionamentos. Ver parentes, pagar contas e fazer compras pela internet tornou-se necessário e quem não se atualizou teve dificuldades.

No campo empresarial, a tecnologia tem papel relevante no faturamento. Antes o foco eram os bens de consumo e agora, entre as dez maiores empresas globais, quatro são de tecnologia. Impressiona ainda o quanto as ideias tecnológicas ganham valor real. Em 2020, a Nikola Corporation, que fabrica veículos movidos a bateria e hidrogênio, estreou na bolsa de valores do Estados Unidos com avaliação de U$ 25 bilhões, superior à da Ford e Chrysler. O detalhe é que ela fez isso antes de vender um produto, o que nos leva a pensar o quanto vale uma ideia.

Certamente, não podemos deixar de olhar criticamente a tecnologia, visto que, como imaginava George Orwell no livro 1984, instrumentos tecnológicos podem ser usados para fiscalizar comportamentos e punir os que são contra o “Grande Irmão”, personagem da obra que controla todos pelas teletelas. A distopia nos leva a pensar que “… a vida toda de um homem era desempenhar um papel, e que achava perigoso abandonar, por um momento que fosse, sua falsa personalidade”. Outro clássico, o “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, traz o alerta de que sociedades de controle podem apoiar-se na repressão e no culto ao progresso.

Mesmo se não quisermos acreditar em teorias conspiratórias, um fato que não podemos negar é que a mesma tecnologia que permitiu a continuidade das aulas durante o isolamento social também usurpa a privacidade, sendo que nós autorizamos isso alegremente em troca de usar os serviços das gigantes da internet. Não dá para ignorar ainda a existência de um abismo entre quem tem ou não acesso à tecnologia. Dentre tantas desigualdades que o Brasil vive, a tecnológica é mais uma.

Diante do crescente avanço tecnológico, de mudanças sociais radicais e de novas formas fazer negócios, como a escola posiciona-se para ter relevância na preparação de gerações que terão grandes desafios pela frente? Com a recente implantação do Novo Ensino Médio, muitos avanços serão possíveis, especialmente pela dinâmica interdisciplinar, empreendedora e protagonista proposta. Mesmo que ainda tenhamos mais perguntas do que respostas, o que não é ruim, porque nossa reflexão se mantém em evolução, uma coisa é certa: as escolas precisam proporcionar o aprendizado de resolver problemas que ainda nem existem e capacitar para a adaptação constante e ágil.

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