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Alunos adaptam pinturas famosas para cegos sentirem as obras

13 dezembro de 2022

Abaporu, Os retirantes e Medusa são algumas das pinturas que ganharam forma, som e cheiro para que pessoas com algum tipo de deficiência visual pudessem conhecê-las por meio de outros sentidos. Elas estão em exposição no Instituto Luiz Braille nesta semana em que se celebra o Dia Mundial do Cego.

Desafiados no segundo semestre deste ano a executarem um projeto no espaço maker da escola (Bottega) que atendesse a uma necessidade social, 36 alunos dos 9os anos do Da Vinci adaptaram oito pinturas famosas mundialmente para que pessoas com algum tipo de deficiência visual pudessem explorá-las por meio de outros sentidos como o olfato, a audição, o tato e o paladar.

Nasceu assim o projeto “A beleza do sentir”, criado pelos professores Marcelo Moreto e Carla Jardim, que agora culmina com uma exposição das obras no Instituto Luiz Braille do Espírito Santo (ILBES), parceiro do projeto, exatamente na semana em que se celebra o Dia Mundial do Cego (13/12).

“Quando a gente percebe que vocês estão nos dando a mão, a gente sente que somos iguais. Estamos abertos para mais parcerias. Sozinho posso até não mudar a história, mas juntos acrescentamos mais um parágrafo na história da arte do Brasil”, comentou Manoel Peçanha, Presidente do Ilbes.

O evento acontece até o dia 16, e teve abertura oficial nesta segunda (12) com a presença de alunos, familiares, professores, assistidos pelo ILBES e demais envolvidos. A exposição poderá ser visitada das 8h às 17h. O Instituto fica na Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes (Beira Mar), 2.430, em Bento Ferreira, Vitória.

De acordo com o coordenador do Da Vinci, João Duarte, o objetivo do projeto foi usar a tecnologia para democratizar o acesso à arte. Para isso, um longo processo de pesquisa e estudo foi desenvolvido, incluindo visitas de assistidos pelo ILBES à escola para que os alunos entendessem as necessidades deles, como vivem, se relacionem e percebem a arte no dia a dia.

O professor Marcelo Moreto conta que foi preciso elaborar um plano de transcrição sensorial das obras de arte e executá-lo, usando ferramentas tradicionais (martelo, chaves de fenda, furadeira, serra), assim como máquinas CNC e impressora 3D. “O desafio era reproduzir as mensagens objetivas e subjetivas das obras, como dor, acalento, alegria, em materiais que eles pudessem tocar, cheirar, ouvir ou provar para perceber a pintura como ela de fato é. Para isso usamos tecidos ásperos e lisos, correntes, cheiros de pipoca e mar, entre outros”, explica.

Segundo Moreto, o resultado atende pessoas que estão parcialmente alheias às artes visuais. “Para eles consumirem os quadros é preciso que alguém os descreva. Com essa iniciativa, eles podem vivenciar a arte com os outros sentidos que, em geral, são bastante apurados. É uma estratégia a mais de inclusão. E para os alunos foi uma grande oportunidade de fazer algo maior que eles, que é destinado para a sociedade”, finaliza.

Obras em exposição:

A tempestade, de Cândido Portinari
Abaporu, de Tarsila do Amaral
Quarto em Arles, de Vincent Van Gogh
Os retirantes, de Cândido Portinari
O lavrador de café, de Cândido Portinari
O velho guitarrista cego, de Pablo Picasso
Menina com balão, de Banksy
Medusa, de Caravaggio (Michelangelo Merisi)


Da Vinci na mídia:

Lições de inclusão em aula de arte – A Tribuna 

TV Gazeta – ES 2 13/12/2022

 

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