PLANEJAMENTO 2016/2017: SENTIDOS EM ALERTA
21 dezembro de 2016Por Paulo de Tarso Rezende Ayub
Durante os tempos de planejamento (ao final de um ano letivo e início do outro), o Da Vinci tem reservado alguns momentos para sensibilização de professores/funcionários quanto a algumas riquezas cotidianas que acabam passando despercebidas aos olhos daqueles que não participam diretamente dos processos que as respaldam. Muitos professores expressam nos rostos uma indagação de como equacionar, em um mesmo tempo, as tantas demandas de trabalho com este dolce far niente … Mas transitar entre o pragmático e o sensorial é preciso – e sempre bem-vindo.
A Escola propicia esse tempo de parada/relaxamento, porque considera que os professores devem dar-se ao direito do que lhes é de direito: a apreciação/usufruto da beleza/alegria da dinâmica escolar que não consegue ser apreciada por todos na complexidade do dia a dia. E toma a liberdade de não apresentar explicações para o significado do momento, pois deixa ao livre arbítrio de cada um vivenciá-lo de forma particular, estabelecer as conexões que desejar, experimentar as sensações que quiser e puder.
Fechados em nossas salas de aula e envolvidos com o saber instituído (muitas vezes com um toque de solidão e nostalgia), deixamos de vivenciar momentos significativos na amplitude do espaço escolar, inclusive em outras salas de aula. E assim, deixando de socializar sensações/percepções experimentadas em pequenos grupos, vamos nos fechando em nossas “celas/salas de aula”, sem vivenciar idealmente os espaços de partilha no coletivo. E um pouco ressentidos pela sensação de incompletude/perda.
A sensibilização do planejamento 2016/2017 contemplou dois momentos distintos, tendo como protagonistas alunos já em férias (numa mostra de sua disposição e envolvimento): um recorte de sala de aula (projeto “Leitura Escolarizada” do Ensino Médio, em que professores e alunos relacionam-se com um mesmo objetivo/conteúdo) e outro buscado no entorno (projeto “Manhãs sonoras”, em que alunos protagonistas escolhem estar ou não com seus professores para tomadas de decisão sobre os repertórios de conhecimentos e performances musicais que desejam visibilizar à comunidade).
Do projeto de Leitura, as explanadoras trouxeram uma abordagem instigante sobre a obra Hamlet, de Shakespeare, culminando na percepção do personagem como o antifacebook, um ser atemporal que se contrapõe ao exibicionismo e à superficialidade para mergulhar na busca de si mesmo e na compreensão do outro. Do projeto Terça Sonora, apresentações virtuosas de músicas que tocam a alma, extraídas de trilhas sonoras de filmes ou da Música Popular Brasileira. Todos os presentes, além de demonstrarem o gosto de apreciar alunos em cena (sem perfumaria), sentiam-se parte integrante de sua formação/trajetória, como copartícipes do currículo de perspectiva cultural.
Em sequência, nosso coordenador musical Pedro de Alcântara, um dos colaboradores na seleção de textos teóricos para a Agenda e para a concepção de eventos para o próximo ano letivo, esteve com o grupo para prestar uma contribuição relevante para nossa formação/sensibilização em torno do eixo transversal de 2017 – “Apreciação estética”. Embora se intitule um intuitivo sobre o tema, sua formação acadêmica e sensibilidade/percepção firmam-no como um estudioso/apreciador, sem qualquer carência de ciência para essa Ciência.
A estética foi caracterizada como um dos atributos mais humanizadores do ser racional e a natureza, como fonte inspiradora para os experimentos e criações estéticas do homem. Pouco a pouco, tendo como plano de fundo imagens/dizeres expressivos, trilhas musicais e performances dramáticas selecionadas com apuro, nosso olhar foi se voltando para a estética nossa de cada dia (na natureza, na pintura/escultura, na música/dança/cinema, na Literatura e até em configurações mais prosaicas) e em particular no âmbito da Escola, que a tem como um de seus pilares e a faz refletir desde os detalhes até os entrelaçamentos/conexões. Um misto de movimentos e silêncios que nos legou possibilidades e sensibilidades para já adentrarmos o ano letivo de 2017 com o espírito de equipe e corresponsabilidade de sempre. Em síntese, uma delicada e produtiva manhã.