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A Matemática mais humana

20 junho de 2023

Por Filipe Pinel Bermudes – professor de Matemática

“Há quem passe pelo bosque e só veja lenha para fogueira”. A frase de Tolstói, ao mesmo tempo que nos adverte, nos convida a um olhar novo para o que se tornou comum. E o que poderia ser mais comum do que o corpo humano? Como despertar o interesse de pré-adolescentes, tão estimulados à virtualização, a valorizarem o próprio corpo? A resposta a essas inquietantes perguntas pode surpreender: a Matemática!

É de se esperar que um estudante do 8º ano reconheça a presença da Matemática nas obras de engenharia, no mundo dos negócios e nas tecnologias, entretanto, constatar que o próprio corpo obedece a leis e proporções vitruvianas, e que tais proporções estão, invariavelmente, associadas a beleza, equilíbrio e harmonia impressiona até os mais impermeáveis. A oportunidade de verificar na prática que a razão (divisão) entre a própria altura e a altura do umbigo é quase sempre de 1,6 costuma gerar grande surpresa e muitas perguntas, especialmente, quando se descobre que este mesmo número “de ouro” se repete em outras dezenas de partes do corpo humano e muito além do corpo humano, está presente em animais, nas plantas, em obras de arte e até na música.

Palestra com o nosso Sempre-aluno e Neurorradiologista, Dr. Fernando Santos Emerich Gomes para uma conversa e apresentação de casos reais da medicina em que a Matemática é diariamente aplicada. 

 

É a Matemática de mãos dadas com a Biologia e a com a Arte, assim como a música é composta por melodia, harmonia e ritmo. O olhar para a arte, por exemplo, não pode continuar a ser o mesmo quando se descobre que existe mais Matemática do que tinta nas telas de Leonardo da Vinci, Vermeer ou Kandinsky. Ou quando se observa que o funcionamento de todos os sistemas orgânicos pode ser traduzido e lido em belos números e relações algébricas. São descobertas como essas que motivaram a Excursão Pedagógica dos alunos dos oitavos anos à exposição “A Métrica do Corpo Humano”, instalada no Museu de Ciências da Vida na Universidade Federal do Espírito Santo.

A ideia de um novo olhar para a Matemática vem acompanhada de um trabalho prévio sobre a importância da disciplina na Medicina e é finalizado  com um estudo investigativo e interdisciplinar para a resolução de desafios matemáticos reais sobre a fisiologia humana. A proposta, além de possibilitar muitas descobertas e de descortinar novos horizontes representa um retorno à origem da Matemática como a linguagem perfeita para ler a natureza. Quem sabe assim o “bosque” da sala de aula e da vida ganhe novas cores que mereçam um novo olhar.

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