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A Matemática Humana

30 outubro de 2018

Por Filipe Pinel Bermudes

“Há quem passe pelo bosque e só veja lenha para fogueira”. A frase de Tolstói, ao mesmo tempo que nos adverte, nos convida a um novo olhar para as mesmas coisas. Afinal, qual a novidade para um aluno mergulhado no universo acadêmico e cultural, dentro e fora da escola, em ver algumas peças da anatomia humana? O que poderia despertar o interesse de pré-adolescentes em uma visita a um pequeno museu dentro da própria cidade? A resposta a essas inquietantes perguntas pode surpreender: a Matemática! Não é raro que um estudante do 8º ano já tenha visto muitas vezes um esqueleto humano. Entretanto, constatar que esse mesmo esqueleto obedece a leis e proporções vitruvianas, e que tais proporções estão, invariavelmente, associadas a beleza, equilíbrio e harmonia impressiona até os mais impermeáveis. A oportunidade de verificar na prática que a razão (divisão) entre a própria altura e a altura do umbigo é quase sempre 1,618 costuma gerar grande surpresa e muitas perguntas, especialmente, quando se descobre que este mesmo número “de ouro” se repete em outras dezenas de partes do corpo humano, como entre a altura e a largura do rosto, ou entre as extremidades dos olhos e dos lábios,  e até em animais, nas plantas, em obras de arte e na música.

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É a Matemática de mãos dadas com a Biologia e a Arte, assim como a música é composta por melodia, harmonia e ritmo. O olhar não pode continuar sendo o mesmo quando se constata que existe mais Matemática do que tinta nas telas de Leonardo da Vinci, Vermeer ou Kandinsky. Ou quando se observa que o funcionamento de todos os sistemas orgânicos pode ser traduzido e lido em belos números e relações algébricas. São descobertas como essas que motivaram a Excursão Pedagógica dos alunos dos 8os anos, entre os dias 3 e 5 de outubro, à exposição “A Métrica do Corpo Humano”, instalada na Universidade Federal do Espírito Santo. A ideia de um novo olhar vem acompanhada de um trabalho prévio sobre a importância de ouvir e contemplar, bem como o desenvolvimento posterior de um estudo colaborativo e interdisciplinar para a resolução de desafios matemáticos reais sobre fisiologia humana. A proposta, materializada como uma avaliação de 3ª nota, é um retorno à origem da Matemática como a linguagem perfeita para ler a natureza. Quem sabe assim o “bosque” da sala de aula e da vida ganhe novas cores e mereça um novo olhar.

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