Gincana Cultural em nova roupagem
11 abril de 2014Por Paulo de Tarso Rezende Ayub
Em mais um desdobramento do tema transversal do ano (Somos nós, os capixabas – manifestações culturais italianas), principiou no dia 09/04/2014 a gincana cultural para as primeiras séries do Ensino Médio, atividade integrada permanentemente ao rol de eventos de perspectiva cultural do Da Vinci.
Em tentativa de impactar um pouco menos a sala de aula e os horários de estudo das turmas integrais, sem perder os focos da qualidade e produção cultural, a gincana cultural de 2014 está concentrada em três dias corridos, mescla de contextualizações/preparações, execuções de tarefas, demonstração dos resultados. Na divulgação feita ao início do ano letivo, só foram visibilizadas as tarefas coletivas, pois exigem dos alunos planejamento prévio, capacidade de mobilização e conexões com o entorno.
A atividade em seu todo contribui para formar repertório cultural nos alunos, instigando-os a se apropriarem de conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais na simulação de situações da Academia e do mundo do trabalho. Com a mudança do formato, os professores estão mais envolvidos no suporte às turmas e/ou grupos de trabalho, transitando de observadores a motivadores/mediadores.
A abertura da gincana consistiu numa plenária com profissionais da Escola que trabalharam na elaboração de textos e ilustrações para a agenda, a fim de humanizar o objeto do conhecimento. Os alunos foram convidados a enxergar os profissionais com que lidam cotidianamente para além de suas funções, conhecendo potencialidades, visões de mundo e motivações internas que os levaram a produzir o material consolidado na agenda de todos os segmentos.
Alternando-se entre abordagens intimistas e literárias, leituras críticas da realidade e olhares otimistas, visões focadas ou panorâmicas, recursos expressivos em palavras e imagens, os explanadores prepararam terreno para que os alunos ingressassem na gincana imbuídos do espírito cult (apreciar a cultura como estilo de vida), motivados para exercer escolhas e conceber demonstrações culturais. E prestaram tributo à beleza da diversidade, quando posta a serviço de causas com fundamento.
Num segundo momento, todas as turmas foram encaminhadas às suas salas de aula para conhecer detalhes das tarefas de grupo (que serão executadas durante um dia inteiro, para apresentação na manhã do dia subsequente). Releituras artísticas de telas de Attilio Colnago; estilização de objetos para transformá-lo em instalações artísticas; elaboração de videoclipes sobre personalidades retratadas na agenda e representação de cenas da imigração italiana no Espírito Santo (presencialmente ou em fotografia) foram as tônicas apresentadas aos alunos, que foram orientados a se reunir em equipes não por afinidades pessoais, mas por habilidades/centros de interesse.
O terceiro momento foi dedicado à proposição de tarefas-relâmpago (de execução imediata), sendo indicados representantes de cada turma para realizá-las. Aqui, os alunos alternaram-se entre atividades de diferentes naturezas: decifração de enigma pautado na sequência de Fibonacci; perguntas e respostas em torno dos focos da agenda; maceração de uvas; fabricação da meringata ou suspiro; confecção da tinta para reprodução de um fragmento de pintura de Attilio Colnago; brincadeiras de tradição italiana (bocha, belisca e amarelinha). Momento de pôr a mão na massa e de aliar tempos de execução, autocontrole e consistência de produções. Os demais colegas mantiveram-se animados na torcida e no estímulo aos representantes de cada turma. Sem cobrança de desempenhos e com valorização do esforço intensivo de todos.
Um clima muito positivo dominou a Escola no primeiro dia da gincana. Estudantes autorizados a utilizar seus dispositivos tecnológicos em prol das causas da gincana; competitividade sadia e reconhecimento das diferentes potencialidades/limitações do humano; alunos e professores imersos ora na viabilização de tarefas-relâmpago, ora na montagem de esboços/esquemas para produção de tarefas de grupo, exercitando a criatividade e a conexão; últimos preparativos para a execução da tarefa coletiva na sexta-feira (feira de rua típica e mostra digital sobre a cultura italiana no Estado). Em suma, um ativismo refletido, aliando planejamentos e consecuções.
O mais instigante é observar a humanização das relações pelo conhecimento; o currículo oculto que não se capta de imediato, mas traz outra dinâmica e sentido para as atribuições escolares; os impactos de um pedagógico pensado para um educacional sentido. Eis o Da Vinci abrindo divisas para os alunos resolverem problemas e tomarem decisões. Presenciar os desdobramentos da gincana cultural do Ensino Médio é reconhecer a importância de uma escola viva, engajada e conectada à realidade, a despertar sentidos e consciências.